quinta-feira, 12 de junho de 2014

07 de Junho de 2014 - Exatamente 3 anos depois...

Não suportei a ideia de conviver com uma doença tão avassaladora como o HIV, me tranquei do mundo e decidi que não queria mais viver. Sei que muitas pessoas acompanharam meu desabafo aqui, e queria saber como estava a minha vida, a minha saúde. Mas não consegui atualizar porque precise desse tempo todo para absorver e "aceitar" o meu diagnóstico. Foram exatos 36 meses, 03 anos tentando arrumar a bagunça dos meus pensamentos. Fácil não foi, e ainda não é. Mas aquela frase que eu ouvi do médico que me deu o resultado do meu exame, finalmente fez sentido. Ele havia me dito que um dia nem me lembraria que sou contaminado pelo vírus do HIV. Na hora não gostei, achei que aquilo era a maior loucura que eu já havia ouvido de alguém. Como uma pessoa poderia se esquecer que seu sangue está impuro e que a qualquer momento pode morrer?? E foi exatamente aí que me surpreendi com a AIDS. Esse nome é pesado demais, e para lidarmos com ele é preciso quebrar, primeiramente, os nossos próprios paradigmas. Despir-se de qualquer preconceito, que na verdade, está em nós. somos nosso maior inimigo. E não falo de forma generalizada. Penso, em mim, em tudo o que eu prejulgava à respeito. A ideia de conviver com um soropositivo me aterrorizava. Tanto, que se fosse alguém muito próximo que houvesse se contaminado, a primeira atitude que eu tomaria seria me afastar. Sei disso hoje, três anos após ter descoberto o HIV, mas antes não tinha essa consciência. Por isso te digo, se você está lendo este artigo agora, e ainda se acha o melhor ser humano do mundo, o mais imponente, altivo.o mais inteligente... Cuidado, com o meu diagnóstico aprendi que a arrogância tem um fator importante na contribuição da queda de imunidade. Eu explico: A maioria das pessoas que são autossuficientes, ou seja, que se bastam em tudo, que não admitem interferências, sejam elas quias forem, são mais propensas à depressão,. à solidão. Exatamente por não aceitarem a ajudam dos outros. E as vezes um colo, um conte comigo, ou apenas um ouvido ao seu lado pra se convalescer de suas angustias, ajuda e muito. Ninguém faz nada sozinho, e se fizer, correrá o risco de não ter com quem compartilhar da sua vitória, entende???? Nem que seja pra comemorar sua ideia brilhante, é necessário outro corpo, alguém que veja e admire, de fora, o seu feito. O HIV não se associa à uma mente vazia. Por isso, quando muitos me perguntam como fiz pra ldiar com isso, respondo que aprendi a ser humilde, a dividir, a olhar as coisas sob um outro ângulo. Engraçado, que quando eu ia à praia, via a água, é óbvio, mas aquele cheirinho de brisa do mar, a marisia que pairava sobre as pedras, o galho que vinha, com o balançod as ondas... Ahhhh, isso eu nunca via. Porque meus compromissos, minha certeza da firmeza dos meus pés, minha convicção na vida não me permitiam ver os detalhes. Acredite, hoje eu enxergo tudo isso e muito mais. Um simples ir à praia se tornou algo muito maior dentro de mim. Sinto as areias forçarem e lixarem a sola dos meus pés. Os raios do sol penetram muito mais em meus póros, e me refresco muito mais às margens das ondas, do que quando adentrava com tudo mar à dentro. Entendem a diferença?? Somos tolos demais para percebermos os detalhes do dia a dia, exatamente pela convicção que temos de tudo. E aliado à tecnologia, ao simples toque das mãos, em era de plena expansão do conceito touch, nos abitolamos à ideia de que temos solução rá pida pra tudo. E é aí que perdemos o mais precioso, o mais mágico de se ir à praia por exemplo. É isso que a AIDS fez comigo. Melhorou e muito, o meu campo de visão. Abrangeu as minhas ideias e me fez dar um tom nude, porem mais vívido, à minha convivência com a vida. Com as pessoas e com o mundo à minha volta. Queria ter isso??? Não. Queria esta visão da vida? Não.Mas é ai que aprendi que não podemos escolher, determinar, quando algo já está feito. Antes, sim. Poderia me prevenir, fazer sexo seguro, com preservativos. Mas não o fiz. Então, agora ficou tarde. O sol da minha vida se pôs no horizonte. Sei que a manhã ressurgirá, e ela ressurge, afinal não se têm noites eternas. Um dia amanhecerá, mas amanheceu para mim, num tom um pouco mais cinza. Foda-se, o importante é que amanheceu. E assim é a nossa vida. Se está frio, colocamos um casaco. Se temos sede, tomamos um copo d'água, um refresco, se temos fome beliscamos alguma coisinha. Não é diferente com o HIV. Se nos contaminamos, besteira ficar insistindo na reconstituição do crime (risos). O melhor que se tem a fazer é aceitar, e começar a pensar na solução. É racional que você pare, respire fundo. Faça isso comigo, agora, enquanto lê esse artigo. Pense: O meu diagnóstico é HIV, correto?? Sim. E tem cura??? Pausa! Não, não tem. O que eu tenho pode me matar?? Sim, a passos lentos mas pode. Então, que posso fazer para viver bem?? Entende? Essa doença está sendo vencida pela tecnologia, pelo avanço da nossa medicina. Sobretudo, a medicina do Brasil, que hoje, neste quesito HIV vêm sendo comparada  como uma das mais modernas e eficientes do mundo. O nosso país já é considerado o número 1 em tratamento do HIV. E isso faz a diferença pra você. Não sei se você sabe. Em alguns países do mundo, os remédios, chamados antirretrovirais, que são responsáveis por diminuírem o poder de contaminação do vírus, é vendido aos pacientes, e por valores absurdos. O que não acontece no Brasil. Aqui, o Governo Federal disponibiliza, pela rede pública - SUS - (Sistema Único de Sáude) de forma totalmente gratuita, aos soropositivos. Portanto digo que temos avançado, em estudos, em pesquisas, e quando menos esperarmos, finalmente chegará a nossa cura. A certeza de um sangue limpo, puro, livre desse vírus. Mas a partir daí uma nova discussão se inicia. Será que se hoje, você fosse ao médico e ele tivesse a cura para a sua doença AIDS. Você se manteria imune? Quantot empo você precisaria para se contaminar novamente?? Qual o intervalo de trempo você suaria pra transar sem camisinha outra vez??? Entende a preocupação do Governo? E de todas as pesosas envolvidas nesse árduo compromisso de se trazera cura da Aids??? Reflita um pouco. Dê um intervalo á sua leitura agora. Deixo, como um dever de casa. Pense, se você se curasse hoje, de quanto precisaria para se manter imune? espero que nesse exercício da sua mente, consiga ser franco o suficiente para lhe dar essa resposta. Conhecemos  a nós mesmos como ninguém e temos muito clara essa resposta. Tanto que alguns tem medo dela. Para nós, não podemos mentir. Então, seja direto consigo, e nos encontramos daqui a pouco para refletirmos um pouco sobre a sua resposta.